domingo, outubro 29, 2017

os corredores habitados


olho uma árvore
verde exaltação
temor
de uma imagem longínqua
- neva na escuridão –
ou arde luz na retina

árvores de uma lonjura perto
longe dos olhos
afoito de mim
acolhe-me no teu colo incerto
deixa florir tua seiva
em pranto deste jardim

árvores ao largo do meu olhar
- frutos secos em olhar molhado -
ergue-me naquelas ondas do mar
- teu grito em ramo desfolhado

porque quero o teu silêncio?
teus dentes alvos de folhas verdes
coloridos timbres nas gáveas dos navios
barcos campestres nos trilhos selvagens

árvores, só árvore, só rumor
baixela do pronto-socorro
-  tronco de um sol inteiro
no átrio onde me acolho