domingo, fevereiro 12, 2017

ao espelho



                                                             
                                                ao espelho


I

Ao espelho ouvem-se as citaras do teu olhar quando naufragado no vidro incorro na desordem
no realejo os cantares desesperam quando roucos os címbalos roufenham e assim viajo
do vidro digo a sua ausência a pequena loucura aglomerada no vértice do lugar
do lugar ausento os segredos refulgindo em esconsos armários

II

ao espelho ouvem-se as citaras quando naufragado no vidro incorro na desordem do teu olhar
guerreiro e arrebatado corro atormentado nas caves dos nossos espelhos
no planalto adormeço violador dos espelhos  de Epicuro

III

ao espelho ouvem-se as vozes alongadas das franzinas crenças soltando-se do teu regaço
nas esquinas do perfume  profanas  o vazio da tua voz com segredos sem memória
doutas datas no patamar da sabedoria derramam evidencias sobre os vidros espelhados

IV

ao espelho aguardas ver o teu silencio soltar-se do teu rosto
no teclado dos teus desgostos atrás de ti suspenso viajas nos vidros
janela que me prende ao chão de todas as palavras soltando-se dos nitratos da desordem