segunda-feira, abril 27, 2015

os corredores habitados



o que eu queria
era ser o mundo
no sossego dos teus lábios

- será isto uma só nostalgia poética?


a entropia dos meus cabelos
eleva o mundo ao nada

- será isto uma só 
denuncia?


cansado, quero de tudo o nada

- será isto uma só frase 
da quimera inicial?

absorto no sentido
queimo o algodão dos meus sentidos

- romântico, de orelhas murchas
estou aqui



segunda-feira, abril 20, 2015

os corredores habitados



lua íntima

desdobrado 
na flor que cresce
amadurece o tempo

era ainda 
a inércia projectada
o caule flutuante
procura incerta
num corpo vazio
lugar duma solidão
sem tecto

não havia madrugadas 
sem dinheiro
para comprar arroz
numa floresta de sustos

a incerteza das horas
o apagar dos remorsos
nas almofadas dos destinos
tocam-se nas encruzilhadas

as vibrações soterradas
pelos andaimes da consternação
alcançam os desvios
das horas actuais

move-se o pólen
subtraindo o hoje
como bandeira

a quietude está exausta
como lua íntima 

tudo flui
num continuo
desdém 



terça-feira, abril 14, 2015

os corredores habitados



toda a avidez das ancas
se enaltece
quando vestes o esplendor
do andar

beijo-te 
os quadris
com efémera ternura
de encontros vários

sepulcro dos desejos da criação
sem anátemas de confessionário 


és o arlequim

nas vésperas
da minha morte


se mais palavras soubesse

mais cal
oferecia à tua boca

e tu 
se
te aprouver
rasga-me 
com o desejo teu
pelas noites em forma de ovo




segunda-feira, abril 13, 2015

os corredores habitados



as coisa;

cadeiras
colunas de pedra
montes
mar

densas imagens

som
e reverbero
aglutinando o espaço 
ali

as coisas
espaço de sensações
pelos olhos desfolhadas

fósforos ardentes
tragadas
na alquimia dos desejos

as coisas
soldados sentinelas
opostamente abertas
sem quartel de palavras






quinta-feira, abril 09, 2015

os corredores habitados



deixa, 
beije-mo-nos depois...

não criemos
tragédias  acontecimentos  funestos, peça teatral
nos nossos lábios  cada uma das partes carnudas
                              que circunda o orifício da boca