sexta-feira, novembro 28, 2014
Mostruário de Títulos para Poemas
Nº 97
para poemas simples
;nos subúrbios da manteiga cresci rente às ervas;
Nota:
deve-se ter em em conta neste poema
que o poeta jamais se alimentou dos néctares
ou iguarias dos deuses
os ébrios manjares entrando
pelas soleiras das portas singelas
ficaram presos nas redomas acústicas
a paixão pelos vinhos nocturnos
embuçados nos vícios da delicadeza
não servirão de tapete - verde
às ambições dos vilões das tabernas
o poema não abdicará
de crescer liberto
ainda que o poeta se una
à terra fresca
segunda-feira, novembro 24, 2014
Mostruário de Títulos para Poemas
Nº 96
para poemas simples
;os esplêndidos sorrisos
incubam-me alergias às poeiras amorosas;
Nota:
dar-se-á neste poema
algo como a desertificação
os segredos adornando as paixões
são tidos como vestígios do pólen
o poeta sustentará a vigilância
sobre as imbricações dos veludos nocturnos
e os acentos da voz mitigante
caleidoscópica
perdem-se nas valetas
de hibernados amantes
as queixas os amuos
revalidam as sincronizações dos sorrisos
para lá da alegria
veste-se de água o sal
quarta-feira, novembro 19, 2014
terça-feira, novembro 11, 2014
Mostruário de Títulos para Poemas
Nº 95
para poemas simples
;todo o real é uma inundação dos sentidos;
Anotam-se alguns factos do real:
a mulher nua convergindo
para o homem de costas - realidade assombrada
o homem de costas convergindo
em direcção ao centro - realidade sem direcção
o peixe - realidade sem ficção
na ondulação da água - realidade desmesurada
a gravata presa
ao pescoço do peixe - realidade sem fins lucrativos
o grande lago
que adormece na luz represada - realidade sentimental
o anel quebrado no dedo - realidade do objecto
a família que espera - realidade da distância
o que se procura na distância - realidade do irmão
a fadiga diante do olhar - realidade de oceano
a linda noite de brilhantina azul - realidade abusiva
os esplêndidos sorrisos - realidade triturada
as queixas das lápides - realidade surda
as poeiras do amor - realidade navegante
sublime realidade - realidade com janelas
o sentido - realidade ilustrada
as marés - realidade sem prisão
segunda-feira, novembro 03, 2014
Análise do texto poético
por Fernando Martins no blog "Também de Esquerda"
Se, no seu primeiro livro, Página Móvel com Texto Fixo, havia poemas cujo hermetismo (me) desconcertava, em Ouro e Vinho, dir-se-ia que Adão Contreiras convoca o leitor para um diálogo renhido sobre a natureza da poesia. Diálogo tanto mais difícil quanto se porfia em descobrir, na por vezes labiríntica tessitura sintagmática, sentidos que o autor, provavelmente, não fez questão de lá pôr. Na minha démarche interpretativa, vou, por isso, recorrer, uma vez mais, a quem sabe do ofício de poetar, para me abalançar na árdua tarefa de comentar o opúsculo agora dado à estampa pela 4águas editora, na colecção Blokos/Poesia.
por Fernando Martins no blog "Também de Esquerda"
Se, no seu primeiro livro, Página Móvel com Texto Fixo, havia poemas cujo hermetismo (me) desconcertava, em Ouro e Vinho, dir-se-ia que Adão Contreiras convoca o leitor para um diálogo renhido sobre a natureza da poesia. Diálogo tanto mais difícil quanto se porfia em descobrir, na por vezes labiríntica tessitura sintagmática, sentidos que o autor, provavelmente, não fez questão de lá pôr. Na minha démarche interpretativa, vou, por isso, recorrer, uma vez mais, a quem sabe do ofício de poetar, para me abalançar na árdua tarefa de comentar o opúsculo agora dado à estampa pela 4águas editora, na colecção Blokos/Poesia.
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