segunda-feira, setembro 30, 2013
Mostruário de Títulos para Poemas
Nº 50
para poemas simples
;triste corpo triste eu
aqui estando neste estar;
Nota:
é um poema sobre o acto de mastigar
o poeta, aqui, não é criador de coisa nenhuma
deve utilizar as palavras como quem come pastéis - de - nata
sobre a nata dos pastéis mastiga o sonho
sobre o sonho mastiga a palavra
o sonho da palavra dirá do corpo a sua nata natureza
29.09.13
sábado, setembro 28, 2013
Mostruário de Títulos para Poemas
Nº 49
para poemas complexos
;desnudar a poesia é querer que a noite seja iluminada;
Nota:
deve ser um poema com disfarce
somente a sombra das palavras poderá iluminar o texto
o residual do fogo desdobrará as lágrimas do poema
na voz silenciosa do poeta poderá haver estrelas
28.09.13
domingo, setembro 22, 2013
Viagens no Texto - com ponto final (1)
50ª viagem
no nós há a pólvora
no eu a alegre morte
se no nós há um nós que nos devora
no só eu devora-nos a nossa só sorte
22.09.13
49ª viagem
Há tanto tempo! … que não me lembro da última viagem
que fiz em direcção
ao teu correio, mas sei que do silêncio soa uma voz que brada
na alegria suave da noite.
Cá estou: limpo dos abraços,
tão enxuto das águas como as bolas de sabão
sopradas ao vento,
enfim, tu aí não sei onde e eu aqui sabendo que estou.
porque te queria dizer do dizer das palavras que voam
o que sobra ainda deste silêncio;
anda em redor
de si a pessoa que se procura em confusão
em lucidez absorvente no rosto, na pele e no andar
porventura alinhado/desalinhado
a nudez da sombra pessoa.
sem palavras
quero não quero, vou não vou, lembro não lembro, bato não bato, construo não construo, invejo não invejo.
Depois:
depois no tempo
devorando a sua própria imagem/ens calcando nas mãos os papéis pintados em amplexo de espaços
calcorreia aqui, ali. Òh pesar, òh angústia!
do lado de cá e do lado de lá.
Talvez na planura do sal
no canto da casa na dureza das pedras
Abraço
até breve
até breve
ponto final
03.09.13
48ª viagem
aquele cu´são
que vai badalando
agita-me o "colhão"
a um ritmo tremendo
é coisa da Natureza
diz o vetusto deus Príapo
ter sempre a coisa tesa
sem dar azo ao desânimo
assim ao nobre sua nobreza
ponto final
02.09.13
47ª viagem
vida em profundidade
sem cabelos metafisicos
é ter de mim a saudade
mesmo andando sobre precipícios
nado o corpo nasceu
na tremenda dor parida
dissolve-se-lhe o sol e cresceu
numa alegria contida
o corpo solução de água
na voz que o suporta
viaja pelo mundo com mágoa
mas isso pouco lhe importa
é uma solução tão abstracta
com raiz tão profunda
que se torna por isso ingrata
é como endireitar a corcunda
esta matriz inicial
que de mim vejo a raiz
traz no bojo o vendaval
de querer o que não quis
a vida é a hora
não esqueçam a notícia
não há que deitar fora
sua exigência de justiça
ponto final
28.08.13
46ª viagem
agora, a manhã passa em menos de nada
e a noite, curta, custa a vir
diz o homem de maneira engraçada
num tempo alugado e sem porvir
ponto final
21.08.13
45ª viagem
Gosto tanto da Palavra
ainda que evanescente
com ela me deitava
é como mulher prudente
Umas são cinzeladas
outras severas são
umas são encarnadas
outras verdes ainda estão
- e de amora em amora -
a palavra assim dita
é como uma filha que chora
das lágrimas, voz aflita
O Som que Amora dita
na atmosfera assim pintada
é como a mulher bonita
a rir da coisa dada
ponto final
17.08.13
44ª viagem
ginga o corpo na atmosfera
e eu nela a mexer
se o corpo está dentro dela
o que posso eu fazer?
o corpo é coisa vã
na atmosfera infinita...
entre o amor e o ódio
meia coisa é coisa dita
é um nada que se desfaz
ocupa uma dor sem dó,
aperta o corpo uma tenaz
que o torna sempre em pó
ponto final
12.08.13
43ª viagem
O copo
a distância entre mim e o pensar, aquele copo
a nudez transparente do copo
o sopro agudo da sua forma
a doçura emblemática e fluída do seu brilho
a voz penetrantemente surda no interior do copo
a beleza extravagante do perfil do copo
a amanhecer gordo na semente liquida do copo
o frouxo calor da superfície lisa do copo
o outro copo, aquele imaginado e ainda o da memória
a bebedeira vulgar que transformou o copo em sonho transparente
o corpo duro e histórico do copo incrustado na atmosfera irregular
o Carnaval cheio de conchas que a transparência trás na superfície
o copo, a penugem da palavra em sumptuoso deserto
( texto encontrado durante arrumações e que data de 26 de Junho de 1999)
42ª viagem
foi-se o Sol
veio o Vento
e com ele meu contentamento
azarou seu intento
e o Sol reapareceu
fez força sobre os arbustos
de crescer suas hastes
onde estou me aqueceu
cresceu o zelo de viver
ainda que o Sol passe breve
é no momento de o não ter
que esquece-lo não se deve
ponto final
05.08.13
41ª viagem
podia dizer...
havia cotovias
sobre os trigos doirados
pardais nos telhados
que não estavam calados
a cotovia ria
se a chuva caía
os pardais irados
estrídulos nos beirados
cotovias e ninhos no chão
doirando o pão que se comia
era isto que havia
pela manhã do dia
que em azul crescia
onde ainda medo não se pressentia
podia dizer
ponto final
30.07.13
40ª viagem
Se digo que canto
enquanto não canto, desencanto;
mas se cantar vou
em que canto do canto sou?
O canto ao cantar emprestou
o encanto se cantando estou
e de quando em quando
o meu olhar quer o encanto
do que sou no canto em que me encontrou
De mim, assim vou encantado
num canto que cantado é já passado
tempo mudo e eu calado
no tempo em que o canto ainda não foi dado
ponto final
26.07.13
39ª viagem
quando a constipação ataca
um ardor no peito faz que tussa
as palavras belas da poesia congelam
não são mais que poeira
de farelos na sonolência do corpo
para a constipação com tosse
não há poema detectado no tecido animal
a amargura
dissolve as palavras de febre
em vinagre
ponto final
23.07.13
38ª viagem
Cataloguemos o Infinito
Construo uma casa
e o limite do meu saber
esgotou-se no seu interior
e o limite do meu saber
esgotou-se no seu interior
Pão no forno – infinita necessidade
de um amor de janelas
abertas
Escrevi um livro
escondi a minha verdade
dentro da luz
dentro da luz
Esgoto-me nas palavras
e fico residente
no mundo sem morada
no mundo sem morada
Se eu me deitasse
encostado às veredas
que
sopram das cavernas
acabava a música nos cemitérios
sopram das cavernas
acabava a música nos cemitérios
Percebo a vida mais
como tragédia e
impotência
do que como fé e poder;
- por mais poder que tenhamos
tudo acaba em tragédia sonolenta
alargo a voz
ao exército de flores
e vejo-me ao espelho
- substância colorida
ou simplesmente elo
do que como fé e poder;
- por mais poder que tenhamos
tudo acaba em tragédia sonolenta
alargo a voz
ao exército de flores
e vejo-me ao espelho
- substância colorida
ou simplesmente elo
ponto final
16.07.13
37ª viagem
- Hoje não vai fazer uma pontinha de Sol!
digo eu
com as mãos sobre o livro onde
o saber arquivado sobre o papel é
janela aberta para
somos dois no interior do espaço café
fora
as mesas metálicas da explanada
sufocadas por um abandono baço
reflectem fios de ácida composição
queimam o espaço monótono
numa brancura deslavada
as palavras - pontinha de sol
não fazem eco na luz do texto
o texto corre
no agudo silêncio
não há resposta
à minha solicitação verbal
o verbo mudo pesa
numa densidade corporal
é um caminho sem histórias
sem território de palavras
não há conversas
a fundirem substâncias corpóreas
a vontade não chega a ser
uma palavra vazia de som
- talvez um quisto numa tábua
uma ligeira nódoa incolor numa folha verde
as mãos sobre o livro não pesam na consciência
habitam o espaço sem admoestações de cansaços
nem sequer são alicerces para ferramentas
atravessam o destino como se não houvesse destino a chegar
nem lugares com memória
sinto-me isento de pagar impostos
ponto final
14.07.13
36ª viagem
meu corpo
sal da memória
solicito-te
na gratidão dos segredos
a tua presença abnegada
com o corpo interrompido
estou incerto
no delírio do vento
crescem silenciosos ao sol
as ervas do meu desejo
não há luzes de desmaios em êxtases sagrados
a força que brota é só
a alegria dos pelos da pele
não há palavras
sem tempo dado ao teu território
ponto final
13.07.13
35ª viagem
pressinto que
a empurrar o amor para a frente
está o ódio atrás
ponto final
11.07.13
34ª viagem
tocou-me dentro dos lençóis
e disse-me:
- afaga estes seios de mármore
acorda
a história que há em mim
ponto final
09.07.13
33ª viagem
Uma Pedra
de aura de cristal habitada
falo de uma imagem
a Pedra é outra coisa
Berkeley diria:
dada por Deus,vinda de Deus...
- de qualquer modo é uma imagem
habitante de mim ao centro
este eu que é a imagem da Pedra
uma Pedra qualquer outrora vista
está em suspensão
na emergência da fala
- é a coisa que eu vi
uma Pedra
sem passaporte diplomático
na curva do caminho
não há sintomas de tédio na sua superfície rugosa
se lhe toco
com o dedo da vontade
é capaz de se desfazer em lágrimas
mas não é água
na encosta da sabedoria
é um indício dum peso na consciência
esta Pedra não tem vergonha nem calcanhares nem destino
quando falo com ela, por acaso, diz-me
que vem da infância
e era tão leve
que brincava com ela
na transparência das membranas
com ela partia amêndoas, comia os miolos
depois atirava-a a um pássaro
que parecia querer comer o que eu já tinha comido
era triste
porque era triste ontem
é mais verdade na continuada tristeza de hoje
aquela Pedra que é esta imagem
é também aquela tristeza
uma pele de tristeza que só sei explicar
porque há uma verdade rugosa em todas as Pedras
liberta-se uma saudade de pedra na infância dos caminhos
comboio de comoção nas veias
com bilhete de destino incerto
e passagem fugaz na estação do coração
aquela Pedra, rugosa,
de um castanho alaranjado
para os meus olhos de ver hoje
sem asas que a liberte do chão de ontem
já não existe
na pureza do tempo
lavou-a a chuva que veio depois
ponto final
32ª viagem
quando digo: - o outro
refiro-me em concreto
a uma abstracção,
quando digo: - tu
refiro-me em abstracto
a um concreto
refiro-me ao Sol
esse espaldar onde me deito
e me suporta em bruto
ponto final
31ª viagem
Janelas no Texto
- A menina dança?
supostamente
isto é um residual expectante
na algibeira de dentro
pressuposto:
todo o sonho escondido
numa algibeira de dentro
é um verme de luxo
- A menina dança com amor acima dos joelhos?
supostamente
o amor acima dos joelhos
constrói templos em segredo
pressuposto:
nos intervalos da vida
os fogos
apagam-se na eira
- A menina dança?
supostamente
há vermes
que corroem as entranhas do sol
pressupostamente
nas galáxias de gelo
ardendo
- A menina dança?
supostamente
sobre as almofadas de vento
habitam os desejos em espuma
pressuposto:
nas galáxias de gelo
há Vestidos de Noiva que servem
de ninho aos pardais
- mas se não dança pressupostamente
que faço com esta constipação
que tenho nos ossos?
ponto final
30ª viagem
perguntaram ao Poeta o que fazia
em tempos de mal-estar
ao que o Poeta respondeu:
agora passo a minha roupa a ferro
na tábua-de-engomar
surpreso o outro entendeu
que a poesia o Poeta ía deixar
o Poeta sem tristeza
embalado no entendido
sem se ralar mesmo nada
com aspereza respondeu:
hoje a poesia é acção
antes da palavra alada
seja esta celebração
aquela é terra desbravada
ponto final
29ª viagem
cresço na inviolável noite sobre
o berço critico
um cão farejando no chão
o indício da procura
o espaço enrola-se
numa azafama de pequenas argolas
o tempo flui por dentro embiocado
por costumes caseiros
a esplanada é um território de olhares
se alguém passa
a nervura do tempo anuncia
um ninho em construção
- um, de perna-manca
sacode o espaço em degraus
constrói uma alegria perversa na imaginação
imaginação
a criada de serviço num tempo de memória
- esqueço-me devagar
do que há-de ser e
lembro-me do que assim será no já passado-
único ser absoluto em liberdade
o tempo não se deixa aprisionar
acariciá-lo
na face da Esfinge Petrificada
é sentir a carência
remeter para a dor a
nostalgia das pedras soltas
cresce num deserto de areia
ocupa espaços mínimos onde outrora havia cal
paredes abertas ao tempo
se o ciclo dos actos
culmina numa abstracção
antevejo uma palavra nas margens da vida
um rascunho construído com baba de aranha
a palavra pode ser porosa
libertar fumos de inquietação
a textualidade é um esgrimir
com a matéria por indexar
ponto final
02.06.13
28ª viagem
... a percepção do infinito
na representação constante da imaginação
é uma bola de fogo
no vazio do pensamento,
ponto final.
27.11.12
27ª viagem
não consigo alcançar o álcool
inserto na palavra
despertando os ecos nos lençóis
as letras são já da vinha
uma nuvem de etílicos vapores
a frase uma bebedeira arriscada
e o texto umas vezes
um desperdício de abundância
outras um delírio exíguo
ponto final
20.05.13
26ª viagem
a noite toda me abraça
camuflado pela embriagues virtual
na névoa de um corpo duro
os caminhos
são espaços abertos
no frémito de uma onda de choque
descendo aos labirintos
só chego com um dedo do coração
apontado ao concerto do universo
jardinagem de abelhas no álcool do caos
suspenso por um fio azul nos dédalos da manhã
regresso oferecido à opacidade
da mão pegando na esferográfica
à luz do candeeiro eléctrico
quantidade de tempo
emprestado às palavras
que abrem o corpo à viagem
regresso luxuosamente tranquilo
há manhãs que desaguam nas fontes
romãs que nascem sob os auspícios de um sol de cristal
manhas verdes sem sombras em ângulo recto
côncavas para ouvir segredos
ponto final
19.05.13
25ª viagem
abre-me as janelas do corpo
o sol cuspido entre as nuvens
no regato do tempo
que os meus passos percorrem
não há pressas
todos os abismos caíram
quando ainda na madrugada
pus um pé no silêncio
e outro na calçada das emoções
posso percorrer o cemitério da vida
no entroncamento das vaidades
que verdades existem por aí no alongamento das cruzes?
percorro o suicídio do tempo
com a velocidade das maçãs crescendo
há tempo no interior das palavras
que pensam o tempo e isso
abre-me os véus do corpo
ponto final
15.05.13
24º viagem
Dos opúsculos imemoriais trazem as nuvens indícios
caminhantes serenas entre o sol e a sombra
quando o vento dorme levitam
não há forma estranha ao bojo de algodão
a apoteose matemática das suas formas
indiciam a loucura do infinito
estendidas em mantos de preguiça
quais sentinelas nas almedinas em tempos de alguma paz
ora são sapos ora dragões
soberanas presenciaram todas as ambições dos Impérios
se desaparecem anunciam desertos da respiração
incêndios da razão amotinada sobre
a antiquíssima planície dos nossos desejos
setas que atravessam as nossas necessidades
ponto final
13.05.13
23º viagem
Janelas no texto em viagem
olho as rosas
e esqueço-as para ti
olho as rosas e nelas
sem o perfume de ninguém
as encontro solidárias
olho as rosas
de pétalas somadas nos escombros dos números
onde dois mais dois são cinco ou talvez sete
olho as rosas
onde as leis se revestem
na taça do seu perfume
olho as rosas
que projectam a sua sombra
ao encontro da voz melancólica ao seu redor
olho as rosas
nos seus segredos de veludo
olho as rosas
quando nelas em seu suor surdo
do fazer cai das pétalas as gotas pingentes
olho as rosas
e nelas no âmago escondido
o amparo dado à palavra amor
olho as rosas
no seu ponto final
em aberta frase
desta viagem
13.05.13
22ª viagem
O texto é uma paisagem
tem que ter margens de sossego
onde as palavras possam respirar
um texto tem que ser um grito ecoando
no espaço vazio da página
As palavras atam os nomes às coisas
mas que tipo de laços dão aos nomes?
será acaso uma corda de átomos
criando um arco voltaico
entre o calor do corpo e o objecto em fuga?
ao morrer fico frio
ponto final
05.04,13
21ª viagem
A esplanada dos meus olhos
Abraça o céu que se
abreEnvolve o azul o pio do pardal
O pousio do Sol
Nas folhas dos
arbustos
Habita-as em translúcidas transparênciasNa fragrância do silêncio
Aquece-me os joelhos
O tempo esquecido das
AlcáçovasO relógio do tempo suspende
A delicadeza do momento
Num horizonte perpétuo
O riscar do texto
Ocupa a mão
Na memória de vidro
O verde dos campos
Em silêncio vago
O significado do corpo
São as varandasSem paragens no horizonte
3.04.13
20ª viagem
perante a dimensão do Tudo e Nada, o que há é Qualquer Coisa que,
perante o Nada parece ser Tudo ,e, perante o Tudo parece ser Nada
ponto final
13.03.13
19ª viagem
gostava de escrever sobre o Sol; isto é, não do que é ou não é,
escrever sim sob a planura da luz, fazer desta o suporte - igual? ao papel
talvez expandir o universo com sulcos num frenesim de palavras
habitar o espaço com violência, palavras átomos enlouquecidos de paixão
numa manhã de sombras
caneta caralho de luz abeirando-se do impossível
escrever no interior do Universo invisível e pesado
a palavra "tesão"com um fulgor de aves de rapina rompendo as trevas
lâminas de luz desobstruindo segredos antigos
na paixão dos ácidos ao ataque de tintas luminosas.
ponto final
10.03.13
18ª viagem
Se admitir uma descontinuidade no tempo
temos que admitir que há intervalos
em que o mundo não existe
06.03.13
17ª viagem
és tu?...aqui vai:
Lolita Lolita
miúda tão catita
corpo de cereja buscando sua desdita
sob deleitosa bandeja
em nós
sua sombra
de amora habita
Lolita, Lolita
moça não proscrita
segue teus passos
nos lençóis desta escrita
ponto final
abraço
ps. o atelier está quase; estou a preparar a publicação dos escritos" página móvel com texto fixo"
Lolita Lolita
miúda tão catita
corpo de cereja buscando sua desdita
sob deleitosa bandeja
em nós
sua sombra
de amora habita
Lolita, Lolita
moça não proscrita
segue teus passos
nos lençóis desta escrita
ponto final
abraço
ps. o atelier está quase; estou a preparar a publicação dos escritos" página móvel com texto fixo"
16ª viagem
,embebedo-me
com a ternura do vinho nos lábios
sôfrego das paixões em puro álcool
como se a miséria do corpo em êxtase
abortasse num labirinto de sabores
óh, agonia da virtude
tão abaixo do cão em brasa
espeta-me
uma gota de aromas
arrancados ao chão
nos olhos
assim
eu veja crepitar no mosto
os axiomas dos beijos por dar
ponto final
17.02.13
15 viagem
,vejo
o verbo malfadado
à boca dos cenários da vida
é uma vitória de Pirro
cruzar as palavras
com o sabor da carne humana
ponto final
13.02.13
14ª viagem
, os montes, projectando silêncios telúricos sobre as verdes copas, empurram dolorosos sexos para o interior dos casebres,
- um fumo ao longe, abrindo espaço à contida vida, sujeita a amargura do silêncio ao eco das silhuetas,
-o azul cai sobre o verde, as nuvens sufragando o sol, abeiram-se das emoções, libertam o corpo dos seus abismos,
com o nariz do vento que passa, sente-se o espaço mexer no vazio,
ponto final
13.02.13
13ª viagem
,tenho uma dor de cotovelo nos sapatos, a marca criou-me desníveis de pensamento que me doem;
o azar deu-se quando, orgulhosamente, atava os cordões das chancas ao sol da Primavera
ponto final
04.02.13
12ª viagem
,subtraír ao delírio do acontecimento a força amotinada do medo,
não é possível no vazio dos subterrâneos a querela do instante
ponto final
03.02.13
11ª viagem
,saberão as palavras que os nexos das manhas dos corpos subtraem vozes ao silêncio dos átomos?
ponto final
02.02.13
10ª viagem
era uma personagem irredutivelmente, individual; quando dizia "eu" , ficava pensando se não seria mesmo assim o "outro" e, quando dizia "tu", ficava cismando se não seria a ele a quem se dirigia,
ponto final
26.01.13
9ª viagem
luminoso enclave a brotar da visão campestre,
residual da minha mansão, activa florescência
dando caminho à solidificação das vozes;
terei amores que abracem o esqueleto?
ponto final
23.01.13
8ª viagem
Fomes Muito Intensas
Foram Mandadas Implementar,
Falácias Mendicantes Iniciais
Fomentando Mentiras Imorais.
ponto final
17.01.13
7ª viagem
toda a vida é um labirinto de sons na pureza dos minerais,
uma rede de sarcasmos ao volante do tempo,
uma perpétua devolução do nada
à perspicácia dos ácidos
e à embriaguez
dos olhos,
ponto final
13.01.13
6ª viagem
liberto as pulsões, os vícios de palha atados aos nervos,
respirando o Sol pelos poros da pele, no vagar da manhã,
ainda mais, aligeirada pela brisa;
e, que dirão de mim,
aqueles que passam tresloucados pelo trabalho ingente?
vendo-me no panteão da soberania Augusta,
planearão na caverna,
o assalto ao Sol,
com a luz de um deus de mármore emocionado pela humana exigência?
No labirinto da caverna trabalham todas as raízes,
até os potes dos quarenta ladrões,
ponto final
10.01.13
5ª viagem
A “Bola de Berlim”
As mãos
Penduradas dos braços cansados,
vigiam o
absurdo, na inclinação corporal para o nada;
É uma tristeza nadar no lago vazio,
logo as pernas cruzadas, em colapso, prendem ao chão
Ossos, nas
cavernas dos músculos.
A timidez da respiração procura o sentido das palavras
- será que só há
“metafísica nos chocolates”? outrora
a metafísica estava na bola-de-Berlim quando
a Avó, debaixo do vão de escada, anunciava com cheiro a rosas
do jardim das bocas
todo o açúcar,
metafisicamente branco, sobre a redondez
do apetite
- era granulado de comichões nos olhos.
A Avó, vendia
alegria a um escudo a peça sob a avidez dos corpos em mudança,
a vertigem do tempo Inclinava-se para a metafísica do amarelo;
agora , no plano inclinado do desassossego,
na angústia soterrada,
há uma paisagem de Van
Gog em
cada Bola-de-Berlim no que não
é mais do que só memória,
-ponto final
31.12.12-ponto final
4ª viagem
Surpreendo o corpo em subterrâneos inflamados se Vénus surge,
na tranquila tarde, batendo à porta da respiração.
Ardor corporal despe
o nevoeiro de afagos secretos enviados em cartas de correio;escondidas labaredas ardem nos selos das cartas que me enviaste, pelos olhos.
É o sorriso, vulnerável ao halo do sopro, que assinala,
como trombetas, o circulo estreme onde as palavras habitamemolduradas de absinto , e Baco me castiga.
Porque me envias cartas assim, onde temporais dos músculos
se misturam com as areias dos mares? – traz-me só,
esse sorriso preso aos saltos dos gafanhotos, em liberdade;se misturam com as areias dos mares? – traz-me só,
despe-me com as lanternas dos dedos das tuas mãos
até aos ossos do coração. Dispo-me
sem medo,
- ponto final
30.12.12
3ª viagem
... pastora da cidade de pedra que buscais na anca nua o verde campo, - tristes são os tempos que murcham nas calçadas os verdes anos, - a erosão das pedras trás a sombra dos teus olhos obliqua ao vento; bailas o desejo em busca da verdade na dança dos copos! tens razão, o amor procura-se em toda a parte; nas léguas que caminhamos à luz do sol esconde-se a paixão nos subterrâneos da terra; há uma saudade de futuro em cada palavra, em cada gesto uma raiz; - brindemos pois, copos ao alto nas varandas do nosso tédio,
- ponto final.
01.12.12
2ª viagem
Canção para os amigos/as de sempre, especialmente para os de outrora da António Arroio.
Estoira na mão
O querer ir além e aquém no tempo.
Na incerta busca, um amigo
Que preso ficou nos olhos, brilha.
- despede-se da montanha adejando
no vale saudoso
um alarme de lágrima no peito
quase um temporal de morte habitada.
A espiral do tempo desgasta a lucidez da memória,
Embebe de ácidos devolutos o coração fraterno,
Embala a canção num vazio de outrora.
Um tempo de hoje bebido na saudade humedecida
Espalha num jardim de lama
Obeliscos de luz
sobre um tempo nu,
Embebe de ácidos devolutos o coração fraterno,
Embala a canção num vazio de outrora.
Um tempo de hoje bebido na saudade humedecida
Espalha num jardim de lama
Obeliscos de luz
sobre um tempo nu,
ponto final
28.11.12
1ª viagem
... caixeiro viajante é aquele que nunca interrompe o poema,
- ponto final.
27.11.12
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